segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As primeiras ecografias... E a falta de respeito do homem pela natureza

Lembro-me da ansiedade e curiosidade das horas que antecederam a primeira ecografia que fiz. Tinha apenas 7 semanas de gravidez. A médica pareceu-me um bocadinho fria quando disse que pouco ou nada se podia dizer além de que eu estava grávida de 7 semanas, que o "feto" (que palavra mais seca, quando ele já era o meu bebé) estava vivo e estava no lugar. Eu tinha ouvido falar de gravidezes que se desenvolvem fora do útero e que têm que ser interrompidas. Fiquei mais descansada, apesar de querer saber mais... Mas isso era ain da impossível...

Às 14 semanas foi quando fiquei a saber mais alguma coisa sobre esse ser maravilhoso que crescia dentro de mim. Tinha medo de olhar para o ecran, com receio de ver alguma coisa que me assustasse ou de ver a médica com cara de preocupação. Por seu turno, o meu marido ia perguntando e, a certa altura perguntou: "Está bem formadinho, doutora"... Ela sorriu e disse: "sim, parece..." Por dentro, uma emoção de alegria me inundou. O meu filho estava a desenvolver-se bem, de forma normal. O meu marido ia perguntando e ela ia dizendo "umas perninhas...uns bracinhos..."... "Mexe-se muito, não mexe, doutora?", perguntou o meu marido a certa altura e ela , simpática disse: "sim, mexe-se"... Curioso, o futuro pai ainda perguntou, já que ela tinha dito que tudo estava a correr bem, algo menos importante, mas que estava ansioso por saber "Ah... doutora... uma pergunta... O sexo... Quando é que dá para saber? Cuidadosa, ela respondeu "Isso só lá mais para a frente, depois das 16 semanas..." Mas lá foi continuando a ver e, de repente, de forma inesperada via-a arregalar os olhos e dar uma gargalahada em direcção ao ecran... Antes que perguntassemos alguma coisa, ela disse "É um rapaz!" contente, o meu marido disse "Sim? De certeza"... "É para confirmar às 20 semanas, mas quase de certeza que é um rapaz..."

Na volta para casa, vinhamos ambos muito eufóricos e emocionados. "Eu sabia! Eu sentia que era um menino" dizia o futuro pai, sonhando com o futuro... começamos a falar do nome... queríamos que tivesse o primeiro nome João, como o pai, mas com um segundo nome que desse para tratá-lo sempre pelos dois nomes, para de distinguir do pai "João Bruno? não... Hum... João Filipe? "A minha prima já tem um Filipe, vamos pensar em outro nome que calhe bem com João"...

Os tempos seguintes foram passados a escolher entre João Miguel e João Pedro, que acabou por ser aquele pelo qual nos decidimos... Eu sentia-me bem... Emocionada... Feliz... Ia ser mãe... A minha barriga ia crescendo... Não havia nada de mal, nem os "males" inofensivos, como os onjoos... A vida estava a ser tão boa para mim... Para nós...

A vida foi boa. A natureza foi justa. Tudo o que proveio dos factores naturais foi perfeito... Não nos passava pela cabeça que a mão humana da sociedade podre viesse algum dia desfazer o que a natureza tão generosamente tinha construido. Mas infelizmente, é isso o que o ser humano faz... Como já vi algum dia escrito em algum livro "O homem é o único ser vivo que cospe na água que bebe. O homem é o único que polui a água dos rios que fertilizam os rios que irrigam os campos. O homem é o único que destrói florestas... Por tudo isto, ele está se condenando à morte" Palavras que dão que pensar... Deus, ou a vida, ou a natureza, deu-me um filho lindo e saudável que a sociedade podre me roubou dos braços... O homem é, por isso, o ser mais desprezível deste mundo. E eram bons valores que eu queria ensinar ao meu filho, o valor dos sentimentos, o valor do amor, o respeito pela natureza e pelas coisas que ela nos dá... Infelizmente, não me deixaram... Em vez disso, terá uma educação banal, cheia de materialismo, futilidade, promiscuidade... Enfim... As coisas que a sociedade adora... A ignorância do ser humano que, como disse o autor daquelas palavras, está a condená-lo à morte...

AMO-TE MUITO FILHO. E O TEU FUTRO PREOCUPA-ME IMENSO.

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