O Verão de 2003 foi terrível a nível de temperaturas altas. O calor era insuportável... Mas foi o Verão mais feliz da minha vida. Tinha sido mãe e não podia haver nada no mundo que fosse mais precioso do que isso. Ele era lindo e eu tinha um prazer enorme em apresentá-lo às pessoas... Apenas para aí nas duas primeiras semanas, ou três, acordava de duas em duas horas ou de três em três para mamar... Aos poucos, os horários de mamar à noite foram sendo cada vez mais espaçados e em pouco tempo (cerca de dois meses) já dormia as noite inteiras e acompanhava os nossos horários... Lá de vez em quando é que acordava uma noite ou outra durante a noite... Eu é que estava sempre a acordar para me certificar se estava tudo bem com ele... Tinha receio de que se virasse de barriga para baixo, pois sabia que isso é potencialmente perigoso...
Estava sempre a ver a fraldinha, pois não queria que ele tivesse a fraldinha suja nem por um minuto... Sentia-me culpada quando acordava de noite e ele tinha a fraldinha suja, pois não sabia há quanto tempo ele estava assim e achava que devia de ter acordado mais cedo, logo que ele sujasse a fraldinha... Porque, pelo que sei, há bebés que quando sujam a fralda começam logo a chorar... Ele não... Ou então, era eu que , por instinto, nunca lhe dava tempo... Durante o dia sei que sim... À noite não sei...
Como estava a amamentar, tinha muito cuidado com certos alimentos... Disseram-me para não comer chocolate, porque podia provocar diarreias nele e nem morangos nem marisco, pois caso ele fosse alérgico, poderia ser prejudicial, e, nesse sentido o chocolate tinha também esse duplo motivo para não ser consumido... Café também não era aconselhável, porque podia provocar insónias nele... Outras duas coisas que não me proibiram, pois não faziam mal nenhum, mas que desaconselharam foi o alho e a cebola, pois embora não fossem prejudiciais, podiam alterar o sabor do leite, torná-lo desagradável ao paladar dele e ele vir a rejeitar o leite... Com tudo isso eu tive cuidado...
Todas as semanas ia pesá-lo, para ver se aumentava de peso, pois caso não aumentasse, podia ser sinal de que o meu leite não era suficiente e teria de começar a dar-lhe um suplemento... Mas ia sempre aumentando... Só houve uma semana em que aumentou pouco e o médico disse para eu começar a ir pesá-lo dia sim, dia não... Mas voltou logo a aumentar normalmente...
Eram todos os cuidados com o meu tesouro... Cheguei a ser criticada pela minha sogra por amamentar o meu filho, pois ela dizia que aquilo era preguiça de fazer leite no biberon... Quando o médico me tinha dito que o ideal seria amamentar em exclusivo até aos 6 meses, para reforçar as defesas, e só depois começar a introduzir outros alimentos... A minha sogra não é médica, mas é rica e isso confere-lhe ciência sobre tudo, inclusive medicina...
Hoje em dia, muitas vezes, interrogo-me sobre de que valeram tantos cuidados com o meu menino... Mas valeram. Não ganhei eu, mas ganhou ele. Eu sei que valeram. Se ele tem sido a criança saudável que tem sido, a esses cuidados o deve... Não gosto de dizer que tudo o que o meu filho é hoje me deve a mim, porque dever é uma palavra muito forte... O meu filho não me deve nada... Mas em Português é essa a expressão usada nestes contextos...
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